quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dúvida

Vou entrar na sua casa e cumprimentar quem estiver na sala. Mirar os quadros na parede tão meus e dela. Sem pedir licença invadir o seu quarto e derrubar alguns discos e talvez você. Deitar na sua cama para você sentir meu cheiro como sempre pede. Chegar perto, e perto e mais perto. E eu não vou parar até que você peça socorro, ou suplique. Deitada sobre o teu peito como se fossemos um só. Dobrados. Como se não fosse possível sair de mim, ainda que eu quisesse e você também. Eu sei que você não vai querer, amor. Depois dessas sensações, suor, sangue e a alma você vai querer que eu fique, vai implorar e pedir mais, mais do que eu posso te dar e te dei. Quando eu me levantar, fizer o último som, assoprar pela última vez seu ouvido com o vento da minha respiração, e nos transformarmos novamente em dois. Você vai querer que eu fique, mas eu vou. Vou embora pela saudade que você deixa em mim todo dia, pela dificuldade que eu tenho de entender o que somos e quem eu sou. Vou embora fatalmente por preferir te ouvir gritar do que tão calado. Só ter solidão e silêncio, por isso eu vou. Depois de te ouvir ofegante, explodindo por dentro e seu suspiro de prazer e arrependimento. E arrependimento me dá mais vontade. Me traz mais saudade, e isso é melhor do que seu silêncio. Então eu pego o que consegui e viro as costas, batendo as portas e sem olhar para trás. Ainda um pouco triste, mas tendo mais de você em 30 minutos do que tive em momentos inteiros. Um pouco de voz, olhares e surpresa, que sempre serão melhor lembrança para mim do que a dúvida que tivemos.

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