sexta-feira, 26 de julho de 2013

[Amar-te até a morte; antônio]


Eu já vi o mundo desabar tantas vezes que, às vezes, parece que o mundo foi feito mesmo para gente se desfazer. Ainda não havia aquela vontade vital de ser imortal porque a morte naquele momento parecia um confronto distante entre o que eu sinto agora – nesse instante – e o que você sente quando quer reviver o que já fomos antes. (Sem ressentimentos) Mas o amor também morre, meu amor; e a morte também ama, minha morte. E é no elo desse duelo desesperado que a gente decide se quer continuar fraco no amor ou se entregar forte até a morte. Tanto faz! Amar ou morrer é um pouco igual. É poder ser sincero e aceitar que nunca seremos para sempre. Tanto jaz! Morrer ou amar tem um quê de banal. É querer ser inteiro e se despedaçar meio a meio como nunca. Eu sei, é difícil, nunca foi fácil discernir o que é de verdade do que é de sentir... É que eu já vi a morte desabar tantas vezes que, às vezes, amar não me parece tão ruim assim. É que eu já vi o amor desabar tantas vezes que, às vezes, morrer não me padece tão ruim assim.Acredito ter visto, no meio de tantos escombros, meus ombros, seus olhos, meus poemas, suas coxas, meus problemas, seus cílios, nossos filhos (que filhos?), nossas contas, nossos contos e os ossos, teimosos!, das nossas alegrias. Ouça: a dobra do seu sorriso ainda me ri: “desdobre-se, meu amor, desdobre-se na morte para me reconstruir longe daqui, perto de ti, em mim”.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sexta-feira.

Tem pessoa que desperta alegria. Porque escuta, olha nos olhos. Que acrescenta valor numa conversa banal de boteco na lapa. Dá vontade de viver, sabe? Como se fosse aos 18 anos. Com 18, eu tinha certeza de tudo. Com essa idade o conheci. Ele esquece a razão e vai na vontade. Somos assim. Não há julgamento, nem limite. E parece que o tempo voltou e estou imune a todas as dores do passado. É falta de esperança e cura. É amizade pura. Não é companheirismo diário, mas a presença é muito forte. Um sorriso atrás do outro, palavra atrás de palavra. Sem direção. Assunto que emenda em olhar, que emenda em caipirinha, que emenda em riso. Ele é do tipo que me leva para viver em qualquer lugar que vamos. Faz piada, sorri com o canto da boca, me olha admirando. O moleque me envolve e encanta. É molejo na fala e convite para dançar. Me conhece involuntariamente. Sem me julgar. Sem nos definir. Sem intensão me desvenda. E se surpreende. Eu sei cantar aquele samba antigo, da época dele. E dança comigo e me faz voltar a mim. Ele me dá um instante mágico. Me faz respirar. Mantém o mistério. Pede uma bohemia e brinda. Chega junto. Me aproveita o máximo. Faz caber no vago momento que temos - a cada 2 anos - carinho imensurável. Me dá a mão na rua ou me segura quando tropeço. Eu sempre tropeço, ou esbarro. Me desequilibro e entro no eixo. Porque ele me cativa. Eu seduzo e ele se deixa levar. Me acalma e me abraça apertado com uma panqueca. Me faz errar o tempo, errar nos passos. Errar na lógica e gostar.