sábado, 1 de dezembro de 2012

Cama.

O dia começou diferente, com um ar calmo, tranquilo. Não acordei com os pensamentos de embrulhar o estômago. Nem borboletas e grilos na barriga, nem pulgas atras da orelha, nem nada. Hoje, diferente dos outros, o dia não começou com aquele tempero máximo do estresse. Enquanto escovava os dentes e conferia meu hálito de menta - que remetia o seu gosto de bala - você não veio. Nem mesmo veio guloso e sorridente quando deparei com seu pão doce preferido na padaria onde sempre tomo café. Ainda bem. No caminho do trabalho, com fones no ouvido e todas as nossas trilhas sonoras tocando em sequência, e meu silêncio interno mais mórbido, inacreditavelmente você não apareceu. Estava off. Trabalhei. Almocei. Preenchi papeladas infinitas, tomei café enquanto terminava relatórios chatos. Tudo entregue, no prazo e rápido. Estava leve e não entendia como. Chequei os emails e fui viver o fim de noite no ponto do ônibus. Nenhum sinal da sua existência em mim. Estava me sentindo tão mudada e sozinha, maravilhosamente bem. Mas isso não duraria muito tempo. Saltei, andei até meu apartamento, abri a porta e deixei a bolsa no chão, no canto ao lado da porta. E com as chaves ainda na fechadura você veio. Como um soco no abdome  forte e congelante. Nosso cômodo preferido, ainda com os lençóis bagunçados. Seu lugar preferido. Era tanto de você na minha visão, que depois de tantas horas sem te ter você me invadiu. Invadiu e estremeceu. Não veio antes, porque certamente não teria aguentado chegar em casa e olhar aquele objeto tão nosso, tão cheio de nós, sem ter você ali.

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