segunda-feira, 26 de maio de 2014

De ser.

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Existe um tanto de loucura em mim. Uma parcela de culpa, um descuido. Um pedaço de sonho, um lampejo de medo, uma ausência de razão. Uma eletricidade descontrolada que percorre como fluido. Um momento de esperança, um tempo perdido no espaço dos dias. Uma falsa certeza, uma inconstância gostosa, um frio na barriga, um pé atras, uma vontade. Um pouco de outro e muito de mim em outro lugar. Sorriso cheio por motivo vazio. Instante de céu, frescor de nuvem andando na rua. Barulho de onda no fundo dos meus olhos fechados. Gelado da areia no meu coração machucado. Água de mar descendo dos cílios. Uma paz interna, um sussurro de anjo no ouvido, um incentivo da vida, uma intenção marota. Uma parte que voa, uma parte que fica.  Uma parte que enrola no edredom e se espreguiça. Uma expressão de concha que se fecha, uma intensa envergadura que se abre. A lembrança de futuro, uma presença desconhecida no peito. Tem também o que acelera, que espero que me pare. Uma força escondida, uma fraqueza aparente. Uma cor de água, transparente. Uma visão espelhada sobre o mundo, sobre mim. Algo natural e incomum, individual, misterioso e compartilhado. Espontaneidade do ser e de ser. Sem preocupações com possíveis mágoas. Querendo sentir, querendo viver e esquecendo todo o resto.

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