segunda-feira, 7 de setembro de 2015

ELA.

Quando criança ela preferia bolas porque precisava correr para usa-las. Preferia árvores para ficar perto do céu. Cavalos, oceano, pular na areia, chuva. Brincava de bonecas mas não se identificava com elas, loiras, delicadas. Ela era mais bruta, dinâmica, morena de sol, com hematomas nas canelas. Ela era diferente fisicamente, e sua cabeça mais ainda. Nada ficava lá por muito tempo, nada ia verdadeiramente embora. Tinha muitos amigos e isso causava uma sensação de conforto. Quando eles iam embora ficava um espaço estranho preenchido de pensamentos. O tempo todo ela pensava no futuro, no passado e no presente. Todo dia tinha uma novidade sobre aquilo que sentiu. As pessoas não entendiam porque ela nunca era a mesma. As pessoas não entendiam porque ela insistia que a vida era boa, mas ás vezes chorava. E todos achavam que chorar era sinal de tristeza. Ela não se importava em parecer frágil, pois no fundo sabia que era sensível, tinha sensiilidade. A dor do outro doía nela, o medo do outro fazia esquecer das suas, e isso a deixava forte o suficiente para ajudar. Quando ajudava já não era a mesma, e voltava pra casa mais rica do que quando trabalhou dobrado no mês de férias da empresa.

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